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A enguia

Anguilla anguilla (Linnaeus, 1758)

Ordem: Anguilliformes
Família: Anguillidae


Enguia, eiró, meixão, loura, enguia de vidro
Anguila, anguía, angula
Eel, glass eel

 

A enguia é uma espécie demersal, eurihalina e catádroma, o que significa que nasce no mar e pode crescer principalmente no rio. Supõe-se que o nascimento das larvas se dá no mar dos Sargaços e após transporte pelas correntes oceânicas chegam à Europa e Norte de África. No rio Minho a entrada da enguia de vidro (5-8 cm) (meixão) acontece durante todo o ano, embora o maior fluxo aconteça entre Outubro e Maio. Após entrarem no rio alguns ficam no estuário enquanto outros vão subindo o rio. Após a pigmentação, designa-se por enguia amarela e passados alguns anos sofre nova transformação para enguia prateada (olhos aumentam de tamanho assim como as barbatanas peitorais, ficando com um tom prateado no ventre) preparando-se para a viagem a grandes profundidades até ao local de reprodução, morrendo de seguida.

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Morfologia

Morfologia

Corpo serpentiforme. Mandíbula ligeiramente proeminente em relação ao maxilar. Inserção da barbatana dorsal mais próximo da inserção da barbatana anal do que dos olhos. Escamas intradérmicas dando-lhe o aspecto de pele lisa. Possui entre 110-120 vértebras. Barbatanas sem raios. Barbatanas dorsal, caudal e anal contínuas. Ausência de barbatanas ventrais. Linha lateral bem desenvolvida. Coloração acinzentada no dorso e mais clara no ventre tomando um aspecto prateado aquando da maturação sexual, aumentando os olhos de tamanho. Não existem espécies similares na água doce. 

Biologia

Biologia

Espécie catádroma, demersal e eurihalina. O ciclo de vida é complexo e ainda não completamente esclarecido.

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Está comprovado que as enguias realizam migrações extraordinárias. Os adultos, aproveitando as correntes oceânicas, migram em direcção ao mar dos Sargaços devido às condições excepcionais que aí se encontram (4000 a 7000 Km de distância de vários pontos da Europa e Norte de África). A duração desta viagem estima-se em 6 meses. 

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No mar dos Sargaços, nunca foi encontrada uma enguia pronta para a postura nem sequer ovos de enguias, apenas larvas de 3 a 4 mm. É assumido que a grandes profundidades as enguias reprodutoras, denominadas enguias prateadas, realizam as posturas, originando as larvas de enguia ou leptocephali, seres transparentes em forma de folha, que realizam migrações em direcção às águas europeias.

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Antes da entrada nos estuários, os leptocephali sofrem uma metamorfose que afectam a morfologia e fisiologia profundamente, transformando-se consequentemente em enguias de vidros, ou meixão, seres anguiliformes transparentes.

Life cicle Anguilla anguilla
Anguilla anguilla migration

Após a subida dos cursos de água interiores o meixão desenvolve-se para enguia amarela, fase que dura aproximadamente 4 anos no caso dos machos e 7 anos no caso das fêmeas. Após este período em que se desenvolve em água doce, sofrem nova transformação para enguia reprodutora, ou enguia-prateada, preparada para a migração de volta para o Mar dos Sargaços (…). Existem indivíduos que permanecem em meio marinho durante todo o período da sua vida 

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No rio Minho a entrada faz-se durante todo o ano, contudo a época em que isto acontece com maior incidência é entre Outubro e Maio. Chegam com um comprimento que varia entre 5 a 8 cm. Na sua migração para montante têm por vezes que contornar sérios obstáculos.

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Estão descritos indivíduos com 14 Kg e uma idade máxima de 85 anos. Os machos podem atingir cerca de 50 cm enquanto as fêmeas cerca de 150 cm. No rio Minho a alimentação é diversificada em função do seu tipo de habitat. Na zona inicial do estuário alimentam-se preferencialmente de crustáceos enquanto que para montante de gastrópodes e peixes. 

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Distribuição

Distribuição

A enguia distribui-se por toda a Europa e Norte de Africa mas a progressiva construção de barragens e a ausência de passagens para montante origina uma perda de habitat para a espécie o que se traduz num menor número de adultos com capacidade reprodutora. Por outro lado, e ainda que consigam subir e passar as barragens, muitas enguias morrem ao passar pelas turbinas, na descida dos rios.

Conservação

Conservação

Espécie autóctone. É uma espécie que está em regressão. Perdeu habitat devido à construção de barragens. Afectada pela qualidade da água e parasitas, em particular Anguillicoloides crassus, também presente na população de enguias do rio Minho. A sua presença a montante das barragens do rio Minho deve-se à transposição voluntária de meixões por grupos associativos.

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Libro Rojo de los Vertebrados de España​: (V) Vulnerable

Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal: (EN) Em perigo

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Na generalidade dos rios europeus, a partir dos anos 80, verificou-se uma tendência para a diminuição das capturas de meixão. Por isso, o stock da população de enguia tem que ser discutido à escala europeia e medidas de conservação e proteção têm que ser tomadas em conjunto. 

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A União Europeia legislou no sentido de todos os países serem obrigados a apresentar os respetivos planos de gestão para as suas bacias hidrográficas e, desde aí, vários países proibiram a captura do meixão e de enguia amarela.

Pesca

Pesca

Elevada importância comercial, particularmente na fase de enguia de vidro (meixão).

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É uma espécie explorada comercialmente em todas as fases do ciclo de vida, com exceção do estado larvar. 

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Em Portugal, este recurso é pouco apreciado gastronomicamente, ao contrário do que ocorre em Espanha. No Japão existem pratos à base de enguia muito apreciados, pelo que uma grande percentagem de meixão capturado em rios europeus é enviado, ilegalmente, para aquaculturas no Oriente. Contudo, devido à procura deste produto para exportação, o valor do kg de meixão capturado no rio Minho é bastante elevado, chegando a atingir os 500€/kg.

 

O rio Minho é o único rio de Portugal e Galiza onde ainda é permitida a captura do meixão. A captura de enguias de vidro diminuiu acentuadaente desde meados da década de 80.

No passado, o meixão era consumido pelas gentes ribeirinhas, sendo vendido à malga, porta a porta. Quando aumentou o seu valor económico passou a ser vendido, quase na totalidade, para Espanha onde há uma forte tradição no seu consumo. Enquanto no início se pescava o meixão com uma rapeta, principalmente na margem do rio, a partir dos anos 70 nasceu uma rede no rio Minho para a sua captura: a tela.​

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